4.9.08

O Erro

Eu não sei o que fazer quando erro. NÃO SEI! Não suporto errar, me sinto burra, menor, inferior.

Ao mesmo tempo SEI, racionalmente, que não dá pra acertar sempre, não dá pra ganhar todas as causas, todas as partidas, todas as coisas. A porcaria é que a droga do acerto me vicia e me inebria de tal maneira que a vaidade me domina, e quando erro, o meu olhar mais cruel se volta contra mim mesma, aquele olhar duro, marcado a lápis preto, bem fundo.

Não sei o que fazer com esse olho. Será que deveria cegá-lo com requintes de crueldade, com pequenas agulhadas, fazendo com que sangrasse até secar? Será que deveria arrancá-lo com todo o ódio que tenho por ele, aos berros, como uma mulher parindo seu primeiro filho, para depois segurá-lo em minhas mãos e sorrindo atirá-lo aos cães famintos? (Acho que não. Pobres dos cachorrinhos que comerem esse olho).

Será que deveria tentar transformá-lo? Um olho complacente? Na verdade NÃO. Poderia sedá-lo, com algumas gotas de colírio, mas sei que depois de alguns dias ele poderia acordar de seu sono induzido e novamente se sentir humilhado em sua vaidade inútil.

O que eu faço com esse pequeno tirano que vive comigo? Meu desejo é tirá-lo de mim com violência, com paixão e simplesmente seguir a vida até que ela pare e tudo isso pareça bastante insignificante.