23.9.08

Agora não quero rimas, já que a vida, em seus pequenos capítulos, não repete no final de seus versos o mesmo som. Começo, portanto, a falar dos finais divergentes, opostos, múltiplos. O que poderia ter sido, mas não foi. Será que nos damos conta de quantas conclusões pode ter um único momento? E que só escolhemos uma dentre infinitas possibilidades? Vamos moldando a nossa forma, ou fôrma, e de repente, quando alguma coisa não cai bem, pensamos: "Puxa! Podia ser de outro jeito." Só que sempre é do jeito que a gente escolhe. É só prestar atenção. Construímos esses caminhos sem vivenciá-los de verdade, seja pela pressa com que passamos pelos dias, seja pela falta de cuidado. E depois, resta a sensação de que uma armadilha, engendrada por um ser metafísico, que passa seu tempo se divertindo às gargalhadas com pequenos castigos, caiu sobre nós. Ilusões que insistimos em repetir. Somos responsáveis pelas escolhas que fazemos, NÓS escolhemos. E dessas escolhas nascem nossas histórias, diversas, únicas e de algum modo, belas, de finais os mais variados, porém com verso final de mesmo som, a rima final única. A grande contradição.

18.9.08

MEDO DA CRÍTICA

C-R-I-T-I-C-A

CRI-TITICA

CRIO-TITICA

QUE TITICA

"A vida não é filme e você não entendeu"

Essa ansiedade que me adormece
Esse medo que me entorpece
Essa tentativa vã de ver na vida um sentido, um fim
Essa máscara que me aborrece
Essa dor que nem existe, mas acontece
Esse vazio que me enlouquece
Esse gozo de quando anoitece
Esse beijo que tudo pede
Esse sentir que tudo floresce
Essa cabeça que me segue
que me prende, que me mede
que me impede.

4.9.08

O Erro

Eu não sei o que fazer quando erro. NÃO SEI! Não suporto errar, me sinto burra, menor, inferior.

Ao mesmo tempo SEI, racionalmente, que não dá pra acertar sempre, não dá pra ganhar todas as causas, todas as partidas, todas as coisas. A porcaria é que a droga do acerto me vicia e me inebria de tal maneira que a vaidade me domina, e quando erro, o meu olhar mais cruel se volta contra mim mesma, aquele olhar duro, marcado a lápis preto, bem fundo.

Não sei o que fazer com esse olho. Será que deveria cegá-lo com requintes de crueldade, com pequenas agulhadas, fazendo com que sangrasse até secar? Será que deveria arrancá-lo com todo o ódio que tenho por ele, aos berros, como uma mulher parindo seu primeiro filho, para depois segurá-lo em minhas mãos e sorrindo atirá-lo aos cães famintos? (Acho que não. Pobres dos cachorrinhos que comerem esse olho).

Será que deveria tentar transformá-lo? Um olho complacente? Na verdade NÃO. Poderia sedá-lo, com algumas gotas de colírio, mas sei que depois de alguns dias ele poderia acordar de seu sono induzido e novamente se sentir humilhado em sua vaidade inútil.

O que eu faço com esse pequeno tirano que vive comigo? Meu desejo é tirá-lo de mim com violência, com paixão e simplesmente seguir a vida até que ela pare e tudo isso pareça bastante insignificante.